segunda-feira, 10 de outubro de 2011

De volta pro meu aconchego

É... estou de volta pro meu aconchego. É muito bom voltar e perceber o quanto você é querida e o quanto você fez falta para as pessoas que ficaram, que você ama e sentiu saudade também. Mas ao mesmo tempo é muito esquisito porque enquanto você conhecia coisas novas todos os dias e ia mudando e amadurecendo, a vida que você deixou não acompanhou esse ritmo e aí vem o choque.

Você muda tanto que coisas que você gostava antes não te traz tanto encanto e a vida que você curtia perde um pouco o brilho diante de experiências que fizeram com que essa menina deixasse de ser só uma menina. Vem a dor, o pânico. Sou como um peixe fora d'água.

Apesar de buscar diversas soluções para melhorar a sua própria vida que está um caos, você começa a reparar com outros olhos a sua casa, sua cidade, seu estado, seu país. Se dá conta que ele é muuuito maravilhoso e que você pode rodar o mundo inteiro mas tem coisas que você só encontra aqui. Mas também percebe que ele tem muitos defeitos e tem que melhorar demais. Com isso, surge uma vontade quase desesperada de fazer alguma coisa para mudar essa situação. Então sua cabeça começa a borbulhar de idéias e soluções para esses problemas que não são só seus.

É... estou de volta pro meu aconchego, trazendo na mala bastante saudade. Os amigos que fiz, minha pequena família lá fora, foram fundamentais para o meu crescimento pessoal. Pessoas de toda parte: Itália, Finlândia, República Tcheca, Austria, Estônia, Chipre, Holanda, França, Inglaterra... alguns lugares que sinceramente pouco tinha ouvido falar, mas que me ajudaram muito nos momentos de tristeza, comemoraram comigo nos momentos de alegria mas que acima de tudo me ensinaram. Aprendi com atitudes muito boas de alguns mas também muito ruins de outros que me fizeram ser mais forte e perder o medo de encarar uma briga quando necessário.

Uma grande amiga sempre me diz a frase: "toda mudança vem acompanhada de crise". Enquanto a minha crise não passa, vou tentando me adaptar a essa vida que é minha há muito tempo mas que parece estar sendo vivida por outra pessoa. E na verdade está, pois a menina que entrou no avião em janeiro se foi e agora está por todo lugar.

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Yeah... I'm back to my shelter. It's great to be back and realize how much you are loved and how much the people who stayed home missed you, the same people that you also love and missed. But at the same time it is very weird because while you got to know new things every day and you were changing and getting more mature, the life you left behind did not follow this beat, and then it comes the shock.

You changed so much that the things you enjoyed do not bring you as much joy and charm as before. The life you used to like loses the brightness compare to the experiences that made this girl stop being just an ordinary girl. Then it comes the pain, the panic. I'm like a fish out of water.

Despite of seeking various solutions to improve your own life that is already a completely chaos, you begin to see your home, your city, your state, your country with fresh eyes. You realize that it is sooo wonderful that you can run the world but there are things you can only find here, at home. But you also realize that it has many flaws and it has to improve too. Then it comes an almost desperate desire to do something to change that. Then your mind is awash with ideas and solutions to these problems, that are not only yours.

Yeah ... I'm back to my warmth, with my suitcase full of saudade*. The friends I have made, my little family out there, were fundamental for my personal growth. People from everywhere: Italy, Finland, Czech Republic, Austria, Estonia, Cyprus, Holland, France, England ... some places that I honestely just had heard a bit about it, but they helped me a lot in times of sorrow, celebrated with me in moments of joy but above it all they taught me. I have learned with very good and bad attitudes of some,  who have made me get stronger and made me lose the fear of facing a fight when necessary.


A good friend always tells me the phrase, "every change comes with crisis." While my crisis does not pass, I will keep trying to adapt to this life which used to be mine for a long time, but it seems that now it is lived by someone else. And in fact it is, because the girl who got on the plane in January is long gone, and now she is everywhere.


*Saudade- is a word in Portuguese with no direct translation in English. It describes a deep emotional state of nostalgic or profound melancholic longing for an absent something or someone that one loves. Moreover, it often carries a repressed knowledge that the object of longing might never return.A stronger form of saudade might be felt towards people and things whose whereabouts are unknown, such as a lost lover, or a family member who has gone missing, moved away, separated, or died.

quarta-feira, 3 de agosto de 2011

Parrí


Não tem como cansar de Paris. Nesses 6 meses que estou na Europa é a terceira vez que visito a cidade e uma coisa é certa: não tem como cansar de Paris. A cada vinda aqui, eu descubro uma coisa nova. Seja andando sozinha, seja com amigos, a cidade sempre reserva surpresa para os seus visitantes.
Um dos meus lugares favoritos é a região do Museu Pompidou. Odiado por uns e amado por outros, como eu, o Museu de Arte Moderna em homenagem ao ex presidente George Pompidou é sem dúvida um must go.
A sua exposição permanente conta com obras de artistas como Pablo Picasso, Miró e Marcel Duchamp. Inclusive o original Fontaine do último artista se encontra lá. Além das exposições e do museu em si de design único, o restaurante Georges no último andar do prédio dispõe de uma vista linda da cidade, dos pontos turísticos como a Torre Eiffel e a igreja Sacre Coeur.
Cercado de brechós bacanas, lojas com artigos de design modernos e livrarias incríveis, uma super dica é a Mona Lisait, número 13 da Rue St Martin. Preços ótimos para livros ainda melhores.
Outro ponto positivo da região são os artistas de rua: caricaturistas, pintores e músicos sempre estão ali pra ganhar um trocado. Você pode pensar que isso é irritante, como os músicos horríveis que cantam dentro dos metrôs ou trens daqui mas esses são realmente muito bons! Dois jovens de Barcelona venderam no mínimo 10 cds hoje só nos 15 minutos que eu estava lá, com repertório com músicas de Marvin Gaye, The Police a Amy Winehouse.
Museu Pompidou: Place GeorgesPompidou, 75004 Paris



Hostess do Georges


terça-feira, 28 de junho de 2011

Visões de uma senese brasiliana


Siena é uma cidade e sede de comuna italiana na região da Toscana com cerca de 52.775 habitantes. Fica 34 Km ao sul de Florença (por volta de uma horinha), tem 118 Km² e faz fronteira com Asciano, Castelnuovo Berardenga, Monteriggioni, Monteroni d'Arbia e Sovicille.
Além das informações técnicas, Siena foi onde eu escolhi para morar 6 meses. Assim que cheguei na Piazza Gramsci e vi a beleza do lugar me encantei. Parecia que estava num cenário de filme, depois de 5 meses ainda me sinto assim! O clima medieval permanece, com todas as casas no mesmo estilo, antigas e de tijolinhos. Ela ainda não é um destino oficial de viagem de brasileiros. O que é uma pena, pois visitar Florença e não passar nem ao menos uma tarde em Siena é perder uma cidade única, cheia de tesouros escondidos. Morando aqui pude conhecer lugares que só os seneses, habitantes do lugar, conhecem e pouco a pouco vou mostrando pra vocês. Mas um lugar óbvio e muitíssimo especial é sem dúvida a Piazza del Campo.
Conhecida como a praça em estilo medieval mais bonita da Europa, é o seu principal ponto turístico e também onde ocorre o famoso Palio de Siena. Ele nada mais é que uma corrida de cavalos, que dura só 90 segundos, e ocorre todos os anos nos dias 2 de julho (tá quase chegando!) e 16 de agosto desde o século XVII. Dezessete bairros (contradas) participam da corrida, na verdade a corrida em si é feita somente por 10 cavalos, cada um de uma contrada de três regiões da cidade que são escolhidos por sorteio. Fiquei muito desapontada ao saber que minha contrada, La Torre, não vai participar esse ano. Ano que vem tô aqui de novo!
A festa mobiliza toda a cidade e a rivalidade é muito grande, até brigas acontecem. O ingresso pode custar em torno de 125 dólares e todo ano lota, mas se você como eu não tá afim de gastar essa grana é só se amontoar no meio da praça que é de graça. O engraçado é que o primeiro cavalo que chegar vence. Ok, o que tem de engraçado nisso? É que não importa se o cavaleiro está junto ou não.
Os preparativos estão a todo vapor: tambores, bandeiras e roupas tradicionais já podem ser vistos. Até as arquibancadas já foram montadas para o dia da festa. Um clima completamente diferente do que normalmente se vê na Piazza, meu ponto de encontro oficial com meus amigos. Nada melhor do que beber um vinhozinho, no frio, e una birra (cerveja) beeem gelada no calor e sentar lá a tarde ou a noite inteira conversando.
Logo, logo fotos do evento oficial que acontece em 3 dias!! Contagem regressiva: 3...






segunda-feira, 27 de junho de 2011

Chez Cèleste

Ahhh Paris! Nunca tive muito fascínio por essa cidade como todos costumam ter. Mas foi nela que dei o primeiro passo nesse estranho continente. Um frio que nunca havia sentido em toda minha vida. Claro! Essa brasileira está acostumada com os 40° habituais do Rio de Janeiro e não aos 5° do inverno Francês. Mas mesmo com todo o frio, a cidade me surpreendeu: as pessoas, os sabores... tudo muito novo e muito lindo pra mim.
Voltar em menos de 6 meses não foi uma decisão muito difícil, ainda mais ao saber pelo meu querido amigo Tom, parisiense de nascença e carioca de coração, que estaria acontecendo a Fête de la musique, a Festa da Música.
Caminhava sozinha pelas ruas de Paris saindo do Canal Saint-Martin em direção ao Centre Pompidou, doce ilusão achando que era super perto, quando ouço a melodia da música Sampa de Caetano Veloso. Não muito segura se deveria desviar da minha rota, pois como diz a minha mãe eu nasci com o GPS quebrado, resolvi arriscar e entrei na rue de Nemours.
No restaurante Chez Cèleste tocava um sambinha do bom com direito a Carmem Miranda. Não consegui sair de lá. Primeiro estava de pé ouvindo a música mas logo me rendi. Puxei uma cadeira, pedi uma cervejinha e fiquei lá, só, ouvindo uma canção melhor que a outra: Brasil pandeiro, Coisinha do pai, Água de beber...
Brasileiro é assim: mal pode ver um conterrâneo que já sai batendo papo. Logo, conversei com os integrantes da banda, com a Dona Lucia, uma baiana que mora há 4 anos em Paris, e um grupo de três amigas paulistas que estavam lá especialmente para a festa.
Não podia deixar de conhecer também a Celeste, dona do restaurante. Uma senhora do Cabo Verde, país africano de língua portuguesa, que me indicou uma comida típica: cabrito com arroz. Muito bom!
Fica a dica para os viajantes: restaurante Chez Cèleste, 20 rue de Nemours. Preço justo, comida boa, ambiente super agradável e delicinha de música (cada dia um ritmo diferente e sambinha toda semana!)





domingo, 26 de junho de 2011

Era uma vez uma menina...

Há tempos que penso em criar um blog: blog de moda, de cultura, de política, de culinária... Já tive algumas parcerias em projetos que não saíram do papel ou da primeira postagem.

O "Menina por todo lugar" é a junção de todos esses e mais alguns, são impressões de uma menina pelo mundo.



foto: Chrysafinis Savvas

Feminina (Joyce)

Ô mãe, me explica, me ensina, me diz o que é feminina?
Não é no cabelo, no dengo ou no olhar, é ser menina por todo lugar.
Então me ilumina, me diz como é que termina?
Termina na hora de recomeçar, dobra uma esquina no mesmo lugar.

Costura o fio da vida só pra poder cortar
Depois se larga no mundo pra nunca mais voltar

Ô mãe, me explica, me ensina, me diz o que é feminina?
Não é no cabelo, no dengo ou no olhar, é ser menina por todo lugar.
Então me ilumina, me diz como é que termina?
Termina na hora de recomeçar, dobra uma esquina no mesmo lugar.

Prepara e bota na mesa com todo o paladar
Depois, acende outro fogo, deixa tudo queimar

Ô mãe, me explica, me ensina, me diz o que é feminina?
Não é no cabelo, no dengo ou no olhar, é ser menina por todo lugar.
Então me ilumina, me diz como é que termina?
Termina na hora de recomeçar, dobra uma esquina no mesmo lugar.

E esse mistério estará sempre lá
Feminina menina no mesmo lugar